terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A triste vitória dos jeguicidas



Texto de Roberto Albergaria*


Desgraceira: os organizadores da tradicionalíssima Mudança do Garcia se comprometeram a eliminar os jumentos da fuzarca no ano que vem. Pediram arrego – face à intimidação dos novos censores que se atribuiram a elevada missão de disciplinar os costumes baianos. Foram pressionados a assinar um trágico TAC jeguicida. Sentença de morte da festa!


Caíram na arapuca montada para pegar todos os jegues & jegueiros festivos do momento. Adiante, os dogmáticos de plantão acabarão com a burricada dos casamentos-na-roça, do Dois de Julho e assim por diante – até chegarem, em uma nova investida, à “excomunhão” dos piedosos bichinhos do Bonfim.

Triunfo do parcialismo e do juridismo dos disciplinadores-doutrinadores que cabalaram tal medida proibicionista. Em seu radicalismo elitista, acabaram com a brincadeira do povão. Em seu exclusivismo, não levaram em conta a diversidade de opinião dos demais estudiosos da nossa República das Letras. Pensaram como Donos da Verdade, agiram como Donos do Poder. Não encaminharam seus pré-julgamentos para nenhum juiz, ignoraram o princípio do contraditório etc.

Absurda justiça sumária! Pois como pode a vontade singular de um promotor açodado (partidário do “abolicionismo animal”) representar a posição oficial do Estado? Não é o Estado Democrático o espaço da universalidade, da pluralidade dos princípios morais?

Como pode o capricho das dirigentes de duas estrepitosas ONGs sintetizar o pensamento das variadíssimas tendências do nosso Ambientalismo? Como pode a sub-comissão dos direitos dos animais da OAB falar em nome de todos os advogados de todas as áreas da Ordem? A “questão do jegue” não extrapola largamente o domínio deste algo ainda exótico biodireito?

Ora, o pensamento de uma Parte foi tomado, ilusoriamente, como o interesse do Todo. Que se danem a democracia, a cultura e a história baianas! Vitória tortuosa e espetaculosa de ongueiros que passam o ano inteiro amoitados. Nada fazem pelos desvalidos jumentos do interior – tampouco ligam para o abuso dos nossos companheiros orelhudos que penam no transporte pesado durante o ano inteirinho nas periferias soteropolitanas.

Equivocados defensores da Natureza que não passam de destruidores da Cultura. Auto-engano da meia-ciência de uma arrogante elitezinha estrangeirada, “política e ecologicamente correta”, que se quer superior intelectual e moralmente ao resto dos baianos. Barbaridade travestida de Civilidade!

Novos mandamentos fundamentalistas-xiitas culturalmente desinteligentes e civicamente deseducativos. Pois o cidadão comum só pode interpretar tais despóticas “desmedidas” como mais um exemplo da velha opressão estatal que vem infernizando o Carnaval Popular desde a proibição do Entrudo. A pressão da micro-minoria superorganizada, prepotente e belicosa destes “iluminados” se traduzindo como opressão da maioria desorganizada, pacífica, folgazona – impotente face a tantos seguidos desmandos…

Atos descabidos que só aborrecem as pessoas sensatas e sensíveis da terra. Animais racionais de espírito aberto, majoritariamente – capazes de ser motivados por um ideal de convivialidade mais saudável, criativa e amical entre as variadas “criaturas de Deus”. Todos compreendendo que estes nossos parceiros históricos já são quase uma espécie em extinção. Formando um rico patrimônio naturo-cultural que, ao invés de ser ainda mais ameaçado, deveria é ser revitalizado! O que implica combater os maus-tratos dos bichinhos, evidentemente.

Mas o espírito deste amplo e ponderado cuidado não cabe na cabeça dura dos jeguicidas-liberticidas da americanizada moda animalista-anti-especiesista de hoje. Antolhados que estão condenando nossos irmãos de quatro pés a uma periclitante ociosidade, como já vem acontecendo no sertão. Perigo de que, nos próximos Carnavais, só restem na cidade uns raros jeguinhos tristinhos nesta prisão infernal que é o Zoológico. Como já acontece com suas priminhas zebrinhas…

*Roberto Albergaria – Antropólogo, doutor pela Universidade de Paris III e
professor aposentado da Universidade Federal da Bahia.

.

24 comentários:

Francisco disse...

Essa historia com os jeguinhos beira a bestialidade. Um coisa são maus tratos, outra coisa é a existencia intrinseca da presança do animal na cultura do nossmo povo.

Estes jeguicidas, "preocupados" (os quais querem holofote) com o meio ambiente, deveriam se ocupar com questões muito mais nobres, pertinentes e polêmicas como é o caso da poluição marítima que acontece todo ano no dia 2 de fevereiro, como aquela que acontece em muita cachoeiras, por semelhante uso religioso, ou ainda da poluição sonora que muitos (vizinhança) são obrigados a ouvir logo na primeita manhã, tão cedo.

Pois então, espero que estes novos cavaleiros levantem seus estandartes para o bem da coletividade, efetivamente.

Danival Dias disse...

Numa cidade onde se pediu habeas-corpus até para "soltura de macaco" de um zoologico, pode se esperar qualquer aberração! rs

Rodrigo Castro Tavares disse...

"Jeguicidas" e "momicidas" ... Se formos analisar em um todo a muito tempo estão matando a nossa história e a nossa cultura. Acredito que ano que vem ou vamos ter que nos fantasiarmos de jegue (colcoar a máscara de lula), colocar cabresto, tapa visão e puxar a carroça ou ter que contratatar o rapidão cometa. Desta maneira o nosso carnaval ou irá se prolongar por alguns dias, ou se resumir a algumas horas.

Adiel Gama disse...

Sim, estas minorias travestidas em ONG´s sentem-se no direito de defender os animais, só que só distroem nossas tradições. Não exstem maus-tratos na lavagem do Bomfim e na Mudança do Garcia e se eles vêem deveriam tratá-las individualmente, mas, isto dá trabalho e é o que eles não querem.
Eles, se é que querem defender os animais, deveriam sair de suas carteiras acolchoadas e ver onde eles, os animais, estão sendo maltratados e aí sim atuar.
Não me lembro deles nos Jóqueis Clubes.

SilvanaP. disse...

Acho que existem varias formas de se manter viva a cultura. não consigo ser contra essa proibição, e acredito que deva acontecer em todos os festejos que ultilizam animais, "usamos" eles com intuito egoísta de manter a tradição, os jegues são submetidos a intensas caminhadas, num solo que não lhe é apropriados e muitas dessas vezes o animal não é alimentado como deveria. Proibições como essa devem acontecer sim, sempre que estivermos sobrecarregando um animal!!
E quem se acha no direito de chamar de "Equivocado os defensores da Natureza que não passam de destruidores da Cultura." Devia analisar melhor essa afirmação, afinal a cultura maior que temos é a propria natureza e zelar por ela, isso SIM é querer manter vivo algo que preste, e não um monte de historinha do tipo ter jegues carregando peso é manter alguma tradição , bla bla bla.
Me poupe.

Marcelo Falcao disse...

Rpz, se jegue eh proibido, pq jesus andou montado em um??
Eh um problema biblico....

Ronaldo disse...

Eh... nós (Humanos) não fazemos parte da natureza... e na pretensão de sermos os melhores animais, acabamos por defender mais animais de outras espécie que a nossa...pelo amor de Deus.. tanto ser humano sofrendo e vai se preocupar com jegue! Além do mais nossos "ritos" e "tradiçoes" fazem parte da cultura, que é parte constitutiva do que chamamos de natureza para o homem.

adenilton disse...

OLA,VCS QUE GOSTE DE CULTURA,TRADIÇÃO PORQUE VCS NÃO VÃO FICAR NO LUGAR DOS JEGUE HORAS E HORAS PUCHANDO UM CARRO RIDICULO UMA MUDANÇA QUE NÃO FAZ SENTIDO ALGUM.ESPERO QUE CUMPRI A LEI E TIRE DE VEZE OS ANIMAIS QUE NAO TEM NADA A VER COM CARNAVAL.

Renato Prado disse...

São pessoas que querem aparecer como ditas “civilizadas”, deveriam proibir crianças de catarem latinhas no carnaval e na Lavagem do Bonfim, seria mais justo. Sou totalmente contra maus-tratos a animais quaisquer, mas sou a favor dos jegues e cavalos nas festas populares pois é o único momento em que estes animais são “prestigiados”, enfeitados e demonstram serventia numa sociedade que trocou os animais de tração por motocicletas poluentes e barulhentas. É a dita modernidade que “atravanca o progresso”. Parafraseando o personagem de Dias Gomes na figura de Paulo Grancindo, “é com a alma lavada e enxaguada” que observo muitos palhaços para um circo tão pequeno. Triste Bahia tão quão dessemelhante.

Alessandro disse...

A culpa é da prefeitura que só faz o que os ricos querem ! ( " Jegue é um animal fidido e suja as ruas com suas fezes ! Ai que nojo !!!" ) Temos que tirar esse Zéruela da prefeitura ! Estão destruindo todas as matas da paralela onde é habitat de varias espécies de animais, para construir edificios para os milionários morarem. Esse mundo tem que acabar para essa burguesia mitida a besta se nivelar por baixo até o nivel dos ruminantes e ir morar em cabanas no meio do mato.

Exupério disse...

Se a questão fosse proteger os animais esses senhores estariam preocupados com os animais que transportam materiais de construção pela periferia o dia inteiro em carroças com peso acima do tolerável, preocupar-se-iam os seres humanos que moram pelas ruas e não tem a menor chance de mudar de vida, as crianças das sinaleiras parecem invisíveis. Será que eles deslocam-se pelo ar e não percebem a cidade nos 363 dias em que não há Lavagem do Bonfim nem Mudança do Garcia?
Fica para mim muito evidente que o objetivo é acabar com os poucos momentos que ainda nos restam de protesto e irreverencia, estão nos conduzindo ao carnaval bonitinho apropriado indevidamente pelo capitalismo, o lamentável ainda é que muita gente que hoje está no poder caminhou lado a lado com os jegues construindo suas histórias políticas e nada falam sobre o fato.

mauren disse...

Me surpreendo vendo um texto como esse e tantas opiniões infundadads e vaziaz em seus argumentos, todo ser vivo merece respeito, se fosse para manter tradições absurdas não esqueçam que a escravatura já foi tradição em nossa sociedade e felizmente essa ignorância acabou, todos esses que estão apontando e ofendendo a causa animal, com o justo argumento do trabalho infantil, quantas crianças ajudam? Aposto que nenhuma, típico de quem reclama mas nada faz.
Como alguém mais sábio já disse: se reconhece uma sociedade pela forma que ela trata seus animais.
Pelo visto a nossa ainda precisa evoluir muito.

DENISON disse...

NESSA CIDADE SÓ QUEM PODE LEVAR VIDA DE ANIMAL SÃO OS CORDEIROS DOS BLOCOS DA ELITE , QUE TRABALHAM EM CONDIÇÕES SUB HUMANAS , E NÃO TEM ONG'S , QUE GANHAM VERBAS MIL , LHES PROTEJENDO O DIREITO.

Cláudio Muricy disse...

Essa ácida crítica a uma nobre empresa do Ministério Público só revela o espírito retrógrado e medieval que permeia boa parte da nossa sociedade, que - não consigo entender como - se diz 'civilizada'. Os animais merecem sim respeito e tratamento digno assim como qualquer humano, independentemente de existirem pessoas em situação periclitante. Não é porque toleramos o abandono e a violência contra pessoas que devemos aceitar a que se pratica contra os animais; é esse o eterno argumento antropocêntrico, nosso estandarte... não há modismo algum em se defender o reconhecimento do status de sujeitos de direitos aos animais, assim como não há modismo no ambientalismo (genericamente considerado). Isso é uma tendência, o início de um processo de conscientização. Espero que aqueles que com sua sensatez levantam essas bandeiras consigam disseminar essas idéias entre nós com frequência cada vez maior, combatendo uma das maiores contradições do comportamento da nossa 'civilização' pós-moderna, que se diz humanista, valoriza ideais pacifistas, mas massacra os animais em modernos e equipados frigoríficos.

Moises Altamiro de Jesus disse...

ESSE PESSOAL DEVERIA PROCURAR RESOLVER COISAS MAIS IMPORTANTES DO QUE UM JEGUE, QUEREM ACABAR COM A VELHA TRADIÇÃO DE UMA FESTA QUE É A MUDANÇA DO GARCIA. DEVERIAM SIM PERCORRER OS BAIRROS DA PERIFERIA, PRA VÊ OS DIABOS QUE OS JEGUES E JUMENTOS PASSAM NO DIA A DIA, TRANSPORTANDO MATERIAS DE CONSTRUÇÃO DOS DEPÓSITOS PARA AS RESIDENCIAS. AQUI PERTO ONDE MORO MESMO SÃO DIVERSOS ANIMAIS CIRCULANDO DIA A DIA SEM PARAR, COM ARENOSO, AREIA, BLOCOS, CIMENTO E OUTRAS CARGAS MAIS. UM DIA DESSE UM JUMENTO NÃO AGUENTOU E DESMAIOU COM A CARGA TODA DE AREIA, FICANDO ALI NO CHÃO QUASE UMA MANHÃ INTEIRA SEM QUERER LEVANTAR, FOI PRECISO UNS 10 HOMENS PARA RETIRAR O ANIMAL DO LOCAL. ISSO É QUE É TORTURA, NÃO UM SIMPLES DESFILE DE ALGUNS QUILÔMETROS QUE VAI PREJUDICAR OS JEGUINHOS.

Jorge Marcos Britto disse...

Falsa folia


Faz tempo que venho observando as mudanças do Carnaval.
Sempre piorando, priorizando os resultados econômicos em detrimento da espontaneidade da nossa gente, sempre criativa e ainda mais irreverente durante o reinado de Momo.
Pude fazer agora uma constatação: A folia ficou falsa.
A praça não é mais do povo. É dos camarotes e da televisão.
Os primeiros a ignorar a realidade. A segunda para filmar o inconsistente.
Prá ver a banda passar... nem pensar.
O culto ao mau gosto leva tudo e todos ao desespero, ao oportunismo barato, ralo e raso.
Como comparar a “Mudança do Garcia” com a atual ‘Andança do Garcia’?
Esta, um arremedo chulo, sem brilho, sem magia.
Um retrato fiel de que é possível sorrir de barriga vazia. Mesmo um sorriso falso, um sorriso de quem viu o sol nascer quadrado, um sorriso imperfeito.
O que tive oportunidade de ver na segunda-feira de Carnaval, é de causar náusea.
Meia dúzia, sei lá, de cavaleiros tão bem dispostos que pareciam abrir o funeral do Garcia, capitaneados por um oportunista político sem expressão, que seguia a pé, entre seguranças, como um pateta entre patéticos. Em seguida, tolos de camiseta branca e estampada com estrela vermelha, todos parecidos com produtos perfilados em prateleiras de mercadinho popular. Verdadeiros manequins, imobilizados pelas pontas das estrelas dispostas feito esporas.
Cadê a Mudança do Garcia?
Cadê o Povo? Que venha o Povo!
Prenderam os foliões por trás dos camarotes. Espremeram o povo até tirarem sua última gota de suor. O suor que vem do sal, do sal da vida, do brilho do sol na praça.
Batuque? Onde estão os batuqueiros? Confinados em timbaleiros? Dispostos lado a lado como em navios negreiros, num lamento frenético e sem voz?
A Praça não é mais do povo, nem o céu é do com dor.
A pena é paga aqui mesmo sobre chão. Rastejante insana a devorar alegria.
O povo está ficando mudo. Perplexo, ...”caminhando contra o vento sem lenço e sem documento”, como diz o poeta.
Perplexo, atesta sua inutilidade a serviço do ‘topa tudo por dinheiro’.
Precisamos transformar o Carnaval numa festa de baianos, sem opressão, sem vaidade política partidária, sem o gesso de manequim e sem a mesmice enfadonha.
Sem abadá e com muito mais Abará.
A Bahia é a terra da felicidade, das danças.
Precisamos de mudanças para acabar com as lambanças.
Viva a Mudança!!! A Mudança do Garcia não vai morrer.
Por certo as mudanças virão.
Falsidade! Vai dançar em outro terreiro! Xô!!!
E para deixar o Garcia sempre vivo, um alerta geral:
...”Chou, chuá, cada macaco no seu galho, o meu galho é na Bahia e o seu é em outro lugar”...


Jorge Marcos Britto
Salvador, quarta de cinzas de 2010.

Moisés Ribeiro disse...

O artigo do professor Albergaria é uma extraordinária reflexão sobre as infelizes decisões que vem causando grandes desastres em nossa cultura, nossa história. São "come são", e não comissão...

Estive com minha familia passando meu carnaval na ilha de Boipeba, distrito do Municipio de Cairú, Bahia. É um lugar Fantástico, onde até desfilei atrás do Trio-Jégue de lá. Foi inédito.

No primeiro dia do carnaval um Trio-Jégue sai rodeando toda a vila com música e um bloco formado pelos nativos e turistas, bestificados com a alegria do cortejo.

Muito bom, tenho até videos de lá.

Sinéas S. disse...

Os fiscais deveriam ter tomado o lugar dos jegues e carregar algumas placas, e adereços, na Mudança. Seria mais útil!

adval silva disse...

NOSSO DIGNISSIMO PREFEITO DR? JOAO HENRIQUE BARRADAS CARNEIRO E SUA TRUPE DE TEATRO MAMBEBE ESTAO ACABANDO COM AS FESTAS POPULARES DA CIDADE DO SALVADOR , O CARNAVAL NO DITO CIRCUITO OSMAR ESTA INDO PRO TUMULO, EM PLENA SEGUNDA FEIRA 20 HORAS NAO TINHA MAIS ATRAÇOES DE PESO AS EMISSORAS FORAM TODAS POR DODO E O OSMAR TIAU MAIS ISSO SE DAR EM GRANDE PARTE A FALTA DE ADMINISTRAÇAO PUBLICA UM MARIONETE GOVERNANDO E OS VERDADEIROS POR TRAS ACABARAM COM A MUDANÇA E SUA HISTORIA MUDARAM O PECURSO DO CARNAVAL E FALIRAM OS CENTROS DE CULTURA POPULAR. QUEM SABE O CARNAVAL ACABE ENGOLINDO A CIDADE OU ACABE COMO NOS CONHECEMOS . OBRIGADO J.H.B.CARNEIRO E EDVALDO BRITO , GEDEEL E O SEUS PMDB ,WAGNER E O PT OBRIGADO IMPRENSA PARCIVA.

thamiles rocha santos disse...

Pelos comentários expresso acima e considerando o texto do Sr. Roberto Albergaria,ex professor universitário, conclui que a banalidade com que as pessaos vêem sofrimento alheio(de um animal ou ser humano) nos torna cada vez mais distante do que Cristo pregou. Comparar a caminhada sagrada de Cristo e seu propósito de vida com um desfile de carnaval é no mínimo sem lógica. O fato é: os animais não foram criados para se tornarem adornos em protestos,e sofrerem. Como qualquer ser vivo merecem respeito e devem mesmo ser representados por pessoas sensatas já que não podem utilizar a racionalidade como nós, embora muitas vezes nos esquecemos dessa dádiva de Deus.Com certeza existem outras questões de grande relevância para serem discutidas,entretanto isto não nos exime da responsabilidade de defender os INDEFESOS, sejam eles animais ou seres humanos.
A tradição e a democracia não devem se sobrepor ao respeito e ao bom senso.
O senhor que em um bloco cujo objetivo seja promover diversão usando como ferramenta a satira para criticar a postura nada ética de nossos políticos, por exemplo, seja necessário submeter os animais a exposição prolongada ao sol e ao cansaço,e adotar como justificativa a manutenção da tradição bahiana?
Se o manifesto do garcia é tal tradicional assim, os foliões terão criatividade suficente para expressar sua indignação sem ferir o direito dos animais, já consolidados na lei de crimes ambientais.
Espero que o sr reflita a respeito da seguinte afirmação:

"Equivocados defensores da Natureza que não passam de destruidores da Cultura. Auto-engano da meia-ciência de uma arrogante elitezinha estrangeirada, “política e ecologicamente correta”, que se quer superior intelectual e moralmente ao resto dos baianos. Barbaridade travestida de Civilidade!"

E dê o exemplo de ética e consideração para mim e para os milhares de estudantes universitários, demostrando que o professor é realmente um educador e não um mera figura intelectualizada.

Emerson Alleluia disse...

É muito importante tudo que foi dito até aqui, a reflexão do Prof. Albergaria, o discurso inflamado da Srª Silvana e não pretendo me alongar na lista, mas vejam senhores o caso é bem mais complexo do que se apresenta. Os ditos animais na Lavagem ou na Mudança é uma azeitona mal coloca nesse bolo. Assim é correto afirmar que a censura acabou? Entretanto, cercear, calar ou impedir de forma sutil a expressão popular ainda é uma estratégia que pode ser usada a qualquer tempo. Por interesses da “elite”, da burguesia, para zelo dos animais, contar pontos para essa tal ONG? Sei lá, só que de mansinho sorrateiramente, um decreto ali, uma restrição aqui um camarote aqui e outro lá. A quem verdadeiramente interessa calar o povo, tirar dele sua forma simples e irreverente de interagir com o seu meio, de demonstrar de forma espontânea a pé ou de carroças e cavaleiros seu descontentamento com o futebol, política e a sociedade de modo geral. Fazer piegas, ironias e se alegrar também, pois deus é Brasileiro. A questão senhores é querer domesticar, adestrar, castrar o pensamento ainda mais. E no povo, implantar como chip uma nova cultura bestial, que só permitir seguir em frente o que entorpece, aliena, estigmatiza e engessa as pessoas — sentimentos frívolos, culto exacerbado ao corpo, fugacidade dos relacionamentos e a banalização do ridículo das celebridades de verão ávidas por 15s de má-fama nos veículos televisivos tendenciosos e parciais de nossa província. Por que ao em vez de é proibido “jeguiar”, não lemos durante o carnaval é permitido tratar á todos com distinção, instituiremos no Brasil o inédito Vale-jegue — que garante ao proprietário do animal a ser utilizado em festas populares uma cesta básica para manutenção do jumento durante o percurso. Alegria! Seguiremos a rebolar nos próximos 360 dias que virão com um sistema de saúde precário, sem moradia, uma educação falida e meias cuecas repletas de dinheiro público.

Cássia disse...

Lamentável é minha conclusão perante o texto do Sr. Ex-PROFESSOR UNIVERSITÁRIO e alguns comentaristas.
Refere-se às ONGs como dogmáticos. Fiquei a pensar a quem pertence o papel de esbanjar tanta intelectualidade com suas verdades indiscutíveis , se às ONGs que tentam mudar um conceito retrógrado de indiferença e desrespeito perante os animais ou se aos demais que acreditam que é apenas uma “medida proibicionista” que visa acabar com a “alegria do povão” refutando as supostas “tendências do nosso Ambientalismo” em favor da cultura (??) e comportamentos que estão claramente a destruir a natureza. Quer dizer que no século que estamos e com as evidências de extinção e maus tratos (alguns dignos de questionarmos a suposta humanidade do ser humano) ainda percebemos que a maioria adota uma postura de desmerecimento e desrespeito a VIDA em favor da CULTURA (?) ? Saibam, pois, que esta palavra, CULTURA, origina-se em cultivar a terra e tratar os animais. Então é esta a nossa CULTURA? A “tendência do nosso ambientalismo”, caro professor, é preservar e respeitar a natureza e a cultura já sofreu e sofrerá ainda inúmeras modificações, pois os pensamentos, ideais, as crenças, aquilo que FAZ o intelecto do ser humano muda. E muda a todo o momento.
A nossa “barbaridade é travestida de civilidade” ou é a apenas a civilidade travestida de barbaridades que estamos vendo? Estou tentando achar a sensibilidade e sensatez.
Pelo que vejo pouco conhece do movimento - que se faz em nível mundial e que aqui na Bahia ainda dá seus primeiros passos – e creia, estudiosos de inúmeras repúblicas apóiam e defendem a causa animal pois já adquiriam consciência de ecossistema e de como a palavra preservação está intimamente ligada em SOBREVIVÊNCIA de todas as espécies, inclusive a nossa.
Quero crer que estes ongueiros não sejam “elitezinha estrangeirada” pois isto me reporta ao pensamento de quão atrasados ainda seríamos se não fizéssemos parte deste grupo de estrangeiros.
Por fim, àqueles que acham que não existem maus tratos na Lavagem do Bonfim, na Mudança no Garcia, na Vaquejada de Serrinha deveriam postar-se de forma mais crítica e observadora. Estes animais percorrem grandes percursos sem se alimentar, sem se hidratar, embaixo do sol, carregando peso e quando ficam velhos são abandonados como objetos descartáveis. Mas é claro, segundo a mentalidade de alguns só são úteis quando “demonstram serventia numa sociedade”. Serventia numa sociedade ou para a sociedade? Não sabia que os animais foram criados para única e exclusivamente servirem a nós.
Sem mais.

Silvana P. disse...

Ainda bem que não sou a unica a acreditar que essa proibição tem lógica. os animais não tem nem ai pra adereços ou coisas do tipo, o que eles querem é viver sem maustratos.
acordem burgesia!!!
existe inúmeros problemas a serem resolvidos, inclusive crianças catando latinhas, realmente é uma coisa absurda, mas os comentarios a serem descritos acredito que devem estar relacionados a charge.

Cássia disse...

Prezados,

Assista no www.youtube.com o vídeo "Os animais na Terra da Felicidade".
Trata-se de um documentário produzido pela ONG Terra Verde Viva, com a participação da Associação Célula Mãe, Ministério Público e Sub-Comissão para o Bem estar Animal da OAB que mostra os maus-tratos sofridos pelos animais, em especial os equinos, durante as festas populares da Bahia.

Este importante registro explicita a imprudência e desresrespeito humanos pelos animais

Veja e comprove os maus-tratos!

Comissão Administrativa da Associação Célula Mãe