O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, sem dúvida passará à história com esta infame máxima: “O aborto é mais grave que o estupro.”
Numa atitude arrogante, o bispo recomenda ao presidente da República “Lula deveria procurar assessoria teológica para falar com mais propriedade sobre o tema do aborto”. Vejamos que diz a Bíblia Hebraica (Velho Testamento) sobre o aborto: “Quando brigarem homens, e ferirem a uma mulher grávida e saírem suas crianças, e não houver desastre (de morte na mulher), será multado (o culpado) se lhe reclamar o marido da mulher, e pagará (pelo aborto) como os juízes determinarem. E se houver desastre (de morte da mulher),darás alma por alma, olho por olho, dente por dente”(…) Êxodo (21: 22,23,24). “E se no campo achar o homem a moça desposada, e o homem a forçar a se deitar com ela, então morrerá somente o homem que se deitou com ela. Mas à moça não farás nada; a moça não tem pecado de morte”(…) Deuteronômio (22: 25,26). Para o autor da Lei de Moisés, o mais importante é a vida da mulher. É lamentável que nossa legislação não encontrou inspiração na lei divina para punir estupradores e pedófilos.
O feto não é considerado um ser humano, pelo menos até o segundo mês da gravidez. Segundo Santo Tomás de Aquino resumido por Umberto Eco, “Deus introduz o alma racional só quando o feto é um corpo já formado; do que se segue que, após o Julgamento Universal, quando os corpos dos mortos ressuscitem, em dita ressurreição os embriões não participam, já que neles Deus nunca infundiu a alma racional”.
Em um artigo do jornal, “L´Osservatore Romano”, monsenhor Rino Fisichella disse que os médicos “não mereciam a excomunhão”, contrariando o próprio direito penal canônico e a CNBB que apoiu o bispo Sobrinho. Evidentemente, monsenhor Fisichella não deve estar muito preocupado com a questão do aborto; sua inquietação está centrada mais na sobrevivência da sua secular instituição “infelizmente a credibilidade de nosso ensinamento está em risco, pois parece insensível e sem misericórdia”
O Vaticano é contra a pesquisa com embriões, contra a camisinha, contra a pílula, contra o aborto, emfim uma obsessão com tudo o que tenha a ver com a sexualidade humana e a reprodução. No ano passado, o supracitado bispo, entrou na Justiça para impedir a distribuição da pílula do dia seguinte em Pernambuco.
A Arquidiocese excomungou a mãe da criança e os médicos. Agora, segue o preceito de “não matarás” e pretende acionar a Justiça contra a mãe da criança ou o hospital. Bento XVI disse na África (onde a epidemia da Aids atinge proporções catastróficas) "não usarás preservativo!". Portanto disse "matarás!". As Escrituras podem ser interpretadas como uma lenda, literalmente ou de uma maneira alegórica. Guiar-se por um livro contraditório, escrito há mais de dois mil anos, sem aprecia-lo dentro de seu contexto histórico, é um delírio.
Numa atitude arrogante, o bispo recomenda ao presidente da República “Lula deveria procurar assessoria teológica para falar com mais propriedade sobre o tema do aborto”. Vejamos que diz a Bíblia Hebraica (Velho Testamento) sobre o aborto: “Quando brigarem homens, e ferirem a uma mulher grávida e saírem suas crianças, e não houver desastre (de morte na mulher), será multado (o culpado) se lhe reclamar o marido da mulher, e pagará (pelo aborto) como os juízes determinarem. E se houver desastre (de morte da mulher),darás alma por alma, olho por olho, dente por dente”(…) Êxodo (21: 22,23,24). “E se no campo achar o homem a moça desposada, e o homem a forçar a se deitar com ela, então morrerá somente o homem que se deitou com ela. Mas à moça não farás nada; a moça não tem pecado de morte”(…) Deuteronômio (22: 25,26). Para o autor da Lei de Moisés, o mais importante é a vida da mulher. É lamentável que nossa legislação não encontrou inspiração na lei divina para punir estupradores e pedófilos.
O feto não é considerado um ser humano, pelo menos até o segundo mês da gravidez. Segundo Santo Tomás de Aquino resumido por Umberto Eco, “Deus introduz o alma racional só quando o feto é um corpo já formado; do que se segue que, após o Julgamento Universal, quando os corpos dos mortos ressuscitem, em dita ressurreição os embriões não participam, já que neles Deus nunca infundiu a alma racional”.
Em um artigo do jornal, “L´Osservatore Romano”, monsenhor Rino Fisichella disse que os médicos “não mereciam a excomunhão”, contrariando o próprio direito penal canônico e a CNBB que apoiu o bispo Sobrinho. Evidentemente, monsenhor Fisichella não deve estar muito preocupado com a questão do aborto; sua inquietação está centrada mais na sobrevivência da sua secular instituição “infelizmente a credibilidade de nosso ensinamento está em risco, pois parece insensível e sem misericórdia”
O Vaticano é contra a pesquisa com embriões, contra a camisinha, contra a pílula, contra o aborto, emfim uma obsessão com tudo o que tenha a ver com a sexualidade humana e a reprodução. No ano passado, o supracitado bispo, entrou na Justiça para impedir a distribuição da pílula do dia seguinte em Pernambuco.
A Arquidiocese excomungou a mãe da criança e os médicos. Agora, segue o preceito de “não matarás” e pretende acionar a Justiça contra a mãe da criança ou o hospital. Bento XVI disse na África (onde a epidemia da Aids atinge proporções catastróficas) "não usarás preservativo!". Portanto disse "matarás!". As Escrituras podem ser interpretadas como uma lenda, literalmente ou de uma maneira alegórica. Guiar-se por um livro contraditório, escrito há mais de dois mil anos, sem aprecia-lo dentro de seu contexto histórico, é um delírio.
Osmani Simanca
Jornal A Tarde
20/03/2009
Vídeo: "O Grande Inquisidor"
( Os irmãos Karamazov )
de Fiódor Mikhailovich Dostoiévski
( Os irmãos Karamazov )
de Fiódor Mikhailovich Dostoiévski
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